"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que já nos levam sempre aos mesmos lugares. É tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

(Fernando Pessoa)
Já dizia uma frase clássica da obra de Homero: "Decifra-me ou te devoro". Sejam todos bem vindos!!!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Ciclo

















(google imagens)
A tarde chega acompanhada
do crepúsculo e, unidos,
findam mais um dia
árduo de minha vida.

Junto, o mar, calmo, vai
diminuindo a sua musicalidade,
em forma de um adeus.
Assim, foi-se você:

em mim, deixaste réstias de saudade
e, o corpo que esquentaste,
agora vive em harmonia com o frio.

Mas, após todo arrebol,
a aurora se faz presente.
A maré hábil, com suas
alternâncias, volta a encher-se.

Análogo é o coração:
depois de uma desilusão,
age intato a outra paixão.

Flávia Rodrigues

4 comentários:

  1. Flávia, não sabia que você escrevia textos poéticos tão bem. Seu texto discute a término de uma paixão com muita leveza, simplicidade e poesia. A analogia de um fim amoroso com o movimento do mar poderia ser mais uma formula cansada, mas você consegue construir um bom texto poético, através de belas metáforas e do uso prudente das palavras. Gostei muito dos versos em que você poetiza e dá um caráter otimista à solidão:

    “em mim, deixaste réstias de saudade
    e, o corpo que esquentaste,
    agora vive em harmonia com o frio.”

    O texto dá outra perspectiva sobre o olhar de um fim amoroso. Podemos nos apropriar dessas reflexões para lançarmos outro olhar diante de outras perdas.

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    1. Gugu, querido, agradeço-lhe a leitura atenciosa! Um abraço fraterno para o teu ser!

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  2. agora sim, posso tb desvendar sua alma!!!

    bjo,

    jack

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